TEMA: Objetificação das mulher na publicidade

REDAÇÃO:

Nos anos 2000 era comum em comerciais a objetificação das mulheres. Um exemplo disso é o comercial da ''Itaipava, vem verão", que viralizou devido ao seu teor apelativo e sexista, que mostra a "mulher perfeita", alta, magra e com roupas curtas. Nesse sentido, é notório que a mulher é vista de forma machista, evidenciando que seu único atrativo é o corpo. Diante disso é necessário analisar tal cenário para mitigar essa mazela.

Comentários específicos:

- Erro de concordância no tema (acredito que tenha sido erro de digitação). O correto seria: “das mulheres” ou “da mulher” (C1)

- Uso do gerúndio em “evidenciando”. Evite sempre! Neste caso, poderia substituir por: “fato que evidencia” ou “ao evidenciar que” (C1)

- Repetição da palavra “comercial”. Poderia substituir por sinônimos como “publicidade” ou “propaganda” (C4)

- Ao colocar entre aspas “Itaipava, vem verão”, a ideia transmitida é que esse era o bordão da propaganda. (C1 e C3) Ficou confuso. Para deixar mais clara a informação, o correto seria deixar apenas o bordão entre aspas, e explicar melhor o contexto. Por ex: “Um exemplo disso é o comercial da marca Itaipava, cujo bordão “vem verão” fazia uma analogia entre a estação do ano e a cerveja. No contexto da propaganda, a bebida estava associada à uma mulher com o padrão de beleza considerado perfeito pela sociedade, alta, magra e com roupas sensuais, fato que evidencia o teor apelativo e sexista desse tipo de publicidade.”

Comentários específicos:

- Uso das expressões “que viralizou” e “que mostra” em sequência. (C4) Prefira o uso de conectivos que evidenciem a relação semântica entre as orações. (veja exemplo de construção acima)

- Perceba que a expressão “Nos anos 2000 era comum” você diz logo na primeira frase do seu texto que isso já foi comum no passado. (C2 e C3) Se isso não é comum contemporaneamente, por que discutir esse tema? Você poderia substituir essa frase por uma afirmação no presente, visto que o problema trazido pela proposta é sempre algo atual e persistente na sociedade. Uma outra opção seria colocar em seguida da alusão ao passado, uma frase que afirme a persistência desse problema no presente. Ex:

“A objetificação da mulher é prática comum no mercado da publicidade. Um exemplo disso (...)”

“Nos anos 2000, propagandas que retratavam a mulher como objeto eram comuns. Um exemplo disso (...). Contemporaneamente, esse problema ainda persiste na sociedade brasileira. (...)”

Muito tem se discutido acerca da imagem da mulher na atual sociedade. Não se pode negar que desde a Antiguidade a mulher é vista como um ser inferior. Evidentemente tal pensamento persiste até hoje, visto que a mídia apenas reproduz os conceitos já presentes na sociedade. Analisando os comerciais de televisão da década passada, é perceptível que a imagem da mulher é usada para atrair a atenção dos homens, desprezando totalmente outras qualidades. Em virtude disso, a estereotipização traz consigo uma pessima ideia de mulher perfeita, o que leva ao consequente aumento de casos de depressão entre mulheres que não se enquadram nesse perfil.

Comentários específicos:

- A frase inicial desse parágrafo poderia estar na introdução ou apenas ser retirada do texto. Ao colocar ela no parágrafo de argumentação, dá a impressão de que você continua contextualizando, o que não é bom. Introduza o parágrafo já com o seu tópico frasal (síntese do argumento que será defendido). (C2)

A mesma coisa ocorre com a expressão “tal pensamento persiste até hoje”. Isso já foi ou deveria ter sido trazido na introdução.

- O advérbio “muito” puxa o pronome “se”. O correto seria “Muito se tem discutido” (C1)

- “desde a Antiguidade” deveria estar entre vírgulas. (C1)

- Ausência da vírgula após “Evidentemente”. (C1)

- Gerundismo. “Analisando” e “desprezando”. Evite sempre! (C1)

- Falta do acento agudo em “péssima” (C1)

Comentários gerais:

- O parágrafo ficou com tom expositivo. Faltou explorar a causa do argumento. Por que a mulher é vista como um ser inferior desde a Antiguidade? (C2)

- Novamente você levou o problema para o passado, ao dizer que é preciso analisar os comerciais da “década passada” para perceber a objetificação da mulher. Nos dias atuais isso não ocorre mais? Você disse que ocorre, mas não trouxe exemplos do presente até agora para validar essa afirmação. (C3)

- Faltou um repertório sociocultural para dar maior embasamento ao ponto de vista. (C3) Poderia trazer algum argumento de autoridade como o pensamento da filósofa existencialista Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Segundo o pensamento dela “nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino”. Seria perfeito para associar com a sua afirmação de que “a mídia apenas reproduz os conceitos já presentes na sociedade.” – inclusive, achei perfeito esse argumento! =)

Salienta-se ainda que, em 2017, foi criada uma lei que proíbe o uso de mulheres como objeto em comerciais. É notório que esta foi uma conquista muito importante para as mulheres, haja vista que a maioria dos comerciais tinham conteúdos machistas e sexistas. Atualmente, com tal decreto é proibido estes tipos de propragandas no Brasil.

Comentários específicos:

- Marcador vago de tempo. “Atualmente”. É bom evitar. Prefira expressões mais específicas. (C2)

- Ausência da vírgula após a expressão “com tal decreto”. Deveria estar entre vírgulas. (C1)

- Erro de concordância “é proibido estes tipos”. O correta seria “são proibidos esses tipos” (C1)

- Erro de grafia da palavra “propagandas” (pode ter sido erro de digitação) (C1)

Comentários gerais:

- Parágrafo totalmente expositivo. Perceba que você não trouxe nenhum argumento, apenas expôs um dado. (C2 e C3)

- A última frase repete exatamente a mesma informação da primeira. (C2 e C4)

- Novamente, você dá a entender que a objetificação da mulher não ocorre mais no Brasil após a lei. Independente da lei, você mesma afirmou anteriormente que isso persiste. Aqui seria o momento de trazer um contra-argumento, evidenciando isso. Por exemplo, poderia dizer que ocorre de forma velada (disfarçada). Ou que muitas mídias alternativas como a internet não passam por uma fiscalização rígida de conteúdo.

Portanto, faz-se necessária uma parceria entre governo e mídia, em que essa deve produzir comerciais que se enquadrem na lei ja existente. Concomitantemente, cabe ao governo aumentar a fiscalização e penalizar propagandas que ainda produzam tal conteúdo machista, sexista e misógeno. Para que assim estas propagandas fiquem apenas no passado.

Comentários específicos:

- Faltou a retomada da tese após o conectivo conclusivo (C2)

- Falta do acento agudo em “já” (C1)

- Erro de grafia da palavra “misógino”. O correto é com “i”. (C1)

- A proposta ficou incompleta. Vamos analisar:

Quem? Governo

O que? Aumentar a fiscalização e penalizar

Como? Faltou essa informação!

Para que? As propagandas fiquem no passado

Detalhamento? Faltou detalhar melhor algum dos pontos anteriores!

Por ex: Que órgão do governo?

Poderia detalhar também o “fiquem no passado”, substituindo por uma frase mais bem elaborada, como por ex: “a fim de que as propagandas tragam imagens da mulher que contemplem seus valores humanos e suas diferenças.”

- Na frase de fechamento, é sempre interessante retomar o repertório utilizado na introdução, para evidenciar ao corretor que seu texto foi planejado e que o ciclo do seu raciocínio ficou completo. Ex: “Assim, propagandas como a da Itaipava perderão de vez seu espaço na publicidade brasileira.”

NOTA: 720 (C1= 120 / C2= 120 / C3= 160 / C4= 160 / C5= 160)

Talvez tenha sido um pouco difícil elaborar melhor a proposta, justamente pelo fato de ter faltado explorar melhor os argumentos, deixando claro o problema ao longo do texto.

Sobre a principal dificuldade, deixei acima uma ideia de repertório para enriquecer o texto.

Minha sugestão é sempre fazer uma “chuva de ideias” antes de selecionar as ideias para escrever o texto. Ao escrever tudo que vem a sua cabeça sobre o tema, fica mais fácil construir uma ideia mais elaborada depois. Se não lembrar de filósofos, pode utilizar um livro, um filme, uma letra de música, um fato marcante da história...

Espero que tenha ajudado! Qualquer dúvida, estou à disposição para esclarecer! Pode me procurar no instagram (@30named).

Corretora: Luiza Lino