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TEMA: Medicina e espiritualidade

  • Foto do escritor: Luiza Lino
    Luiza Lino
  • 21 de abr. de 2020
  • 6 min de leitura

Em “O mal estar da civilização” Freud, neurologista e psiquiatra, se questiona do porque os seres humanos avançam tanto na complexidade de suas relações, mas por outro lado continuam a depositar sua fé em algo tão estéreo quanto à religião, a qual para ele era a causa do adoecimento da humanidade. Esse pensamento, assim como o surgimento de novas tecnologias promoveram um maior distanciamento na relação médico-paciente e também entre a medicina e a espiritualidade. Desse modo, entender as ligações entre essas duas áreas no aparecimento e tratamento de doenças no século XXI é medida que se impõe.

Em primeira análise, vê-se que o avanço do capitalismo com toda sua maquinaria contribuiu para o tratamento e prevenção de doenças, mas também na instauração de novas, como as chamadas doenças do século XXI. Diferentemente de como foi os períodos mais remotos da sociedade, essas doenças estão ligadas a fatores emocionais e psicológicos, pois o excesso de informações, o aumento das responsabilidades e a falta de exercícios promove doenças como muitas síndromes, depressão, obesidade, insônia, etc. Nesta perspectiva, cabe ao médico entender que o elo entre as associações de comorbidades numa moléstia psiquiátrica está ligada ao equilíbrio espiritual. E assim é possível perceber que a medicina aliada a espiritualidade no tratamento de doenças psíquicas tem mostrado resultados eficazes através da oração, meditação e psicologia positiva. Isso fica claro no estudo clássico do Dr. Comstock ao qual percebeu em suas pesquisas que pessoas que iam as igrejas pelo menos uma vez por semana, tinham 50% menos falecimentos por doenças coronárias, enfisema e suicídio e 75% menos de morte por cirrose.

Além disso, pessoas são seres bio-psico-sociais-espirituais e a medicina atrelada a religião é fundamental para muitos pacientes, mas não para a maioria dos médicos. Assim, a OMS (Organização Mundial da Saúde), no chamado domínios para a avaliação da saúde e da qualidade de vida, entende que devemos abordar na pessoa o universo biológico, psicológico, social, ambiental, funcional e espiritual. Pois, as crenças tem repercussões físicas e possuem um papel importante na prevenção e tratamento de enfermidades. No entanto, um grande impasse acerca do tema surge quando os médicos persistem na desconfiança de métodos terapêuticos relacionados à espiritualidade na saúde humana pelo fato disso ter sido internalizado no seu processo de formação. E Isso o que acarreta no distanciamento do paciente em relação ao seu médico.

É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir um consenso na aplicação da espiritualidade na medicina tradicional. Cabe, as faculdades de medicina incluir componentes religiosos no seu ensino de bioética, por meio da discussão desse tema perante a avaliação do histórico clínico e bibliográfico do paciente. A fim de que os médicos incluam esse fator em suas práticas clínicas e se tornem sensíveis e respeitosos diante das crenças, sobretudo em situações de crise.


Comentários introdução:

- Faltou a vírgula após “civilização”. Quando a expressão está deslocada da posição natural (sujeito + verbo + predicado), ela precisa ser colocada entre vírgulas. (C1)

- O “porque” vem após um artigo (de + o= do). Nesse caso, ele é um substantivo. A forma correta seria “porquê”. (C1)

- “por outro lado” deveria estar entre vírgulas, pelo mesmo motivo acima. (C1)

- A expressão “para ele” também está deslocada na oração, e deveria estar entre vírgulas. (C1)

Vi que uma das principais dificuldades relatadas foi no uso da vírgula. Minha principal sugestão em relação a isso, além de revisar as regras de pontuação, é evitar escrever períodos tão longos. Tente colocar no máximo 3 orações em um período. Isso com certeza vai te auxiliar a minimizar as dúvidas com a vírgula e também vai tornar o texto mais fluído. Na medida em que sentir mais segurança, você pode voltar a elaborar mais.

- Uso da palavra “estéreo”. Será que você não quis dizer “etéreo”? (C3)

Etéreo = que eleva espiritualmente; sublime, elevado.

Estéreo = estereofônico (relacionado a aparelho de som que utiliza a técnica da estereofonia).

- Em “tão etéreo quanto à religião”, o “quanto a” não é locução prepositiva, com sentido de “em relação a”. Nesse caso, o “a” é apenas o artigo feminino que define “religião”. Logo, não ocorre o fenômeno da crase. (C1)

- Faltou a vírgula após “tecnologias”. Novamente, a expressão está deslocada e, por isso, precisaria estar entre vírgulas. (C1)

- Equívoco na concordância do verbo “promover” com o sujeito da oração, “pensamento”. O verbo foi empregado no plural, e o sujeito está no singular. (C1)

- Faltou a vírgula após “médico-paciente”. Aqui, ela é necessária pois introduz uma oração na qual o verbo “promover” foi omitido, mas está subentendido no contexto. (C1).

- A expressão “no aparecimento e tratamento de doenças no século XXI” também deveria estar entre vírgulas, pois está deslocada na oração. Percebe que ela complementa o sentido do verbo, ou seja, sua posição natural seria após ele. (C1)

Comentários D1:

- A escolha do verbo “ver”, em “vê-se”, traz uma marca de oralidade. Poderia substituir por “evidencia-se”, “nota-se”. (C1)

- “com toda sua maquinaria” deveria estar entre vírgulas, pois explica “capitalismo”. (C1)

- Quebra do paralelismo em “contribuiu para o tratamento e prevenção de doenças, mas também na instauração de novas”. O correto seria “contribuiu para o tratamento e prevenção de doenças, mas também para a instauração de novas”. (C1)

- Equívoco na concordância do verbo ser em “foi os períodos”. O sujeito “os períodos está no plural, logo o verbo também deveria estar. (C1)

- Repetição da palavra “doenças”. Foi utilizada seis vezes, apenas nesse parágrafo. Use sinônimos ou pronomes para evitar isso. (C4)

Ex: enfermidade, mal, moléstia, mazela, problema, disfunção, distúrbio, patologia... Escolha de acordo com o contexto qual sinônimo se encaixa melhor.

- Faltou a vírgula após “exercícios”, para finalizar a enumeração e introduzir o verbo. (C1)

- Uso do “Nesta”. O pronome “este/a” deve ser utilizado para se referir a termos que ainda serão mencionados. No caso de “Nesta perspectiva”, o termo está se referindo a algo que foi citado anteriormente. Por isso, o correto seria “Nessa perspectiva”. (C1)

- Falta da vírgula após “E assim”. Após conjunções conclusivas, o uso da vírgula é obrigatório. (C1)

- A expressão “no tratamento de doenças psíquicas” deveria estar entre vírgulas. Ela complementa “resultados eficazes” e está deslocada na oração. (C1)

- Falta da vírgula após “Dr. Comstock”, para introduzir oração coordenada. (C1)

- Uso equivocado da expressão “ao qual”. Perceba que ela retoma “Dr. Comstock”. O correto seria “o qual percebeu (...)” (C1)

- Ausência da vírgula após “suicídio” para finalizar a enumeração e introduzir novo elemento. (C1)

Comentários D2:

- A forma correta do termo seria “bio-psico-socio-espitirutais”. (C1)

- O uso da conjunção “e” no tópico frasal não exprimiu a relação semântica da oração introduzida com a anterior. Isso deixou o período confuso. Poderia ter colocado “por isso”, evidenciando a relação de consequência. (C4)

- O que são os “domínios para a avaliação da saúde e da qualidade de vida”? Um documento, um programa, um estudo? Quando utilizou “no chamado”, esperava-se também essa informação. (C3)

- Uso da primeira pessoa do plural em “devemos”. Evite. Quem deve? Os médicos? Profissionais de Saúde? Caso queira generalizar, use a terceira pessoa: “deve-se”. (C2)

- Uso do “Pois” para iniciar um período. “Pois” é uma conjunção subordinativa. Dessa forma, ela precisa estar unindo duas orações. (C1)

- Ausência da vírgula após “saúde humana”. Introduz oração explicativa. (C1)

- Iniciar período com “E isso”. A conjunção “e” obrigatoriamente deve vir entre as duas orações que ela une. (C4)

Comentários conclusão:

- Falta de um conectivo para iniciar o período que começa com “Cabe”. (C4) Poderia ter utilizado “Nesse sentido”.

- Falta da crase em “cabe às faculdades”. (C1)

- Ausência da vírgula ou da conjunção “e” entre “tema” e “perante”. (C4)

- Uso de “bibliográfico” para se referir ao histórico do paciente. Acredito que a intenção era dizer “biográfico”. (C3)

Bibliográfico = relativo a livros ou a bibliografia.

Biográfico = relativo a ou próprio da biografia.

- Iniciar o período com o conectivo “A fim de”. (C4) Aqui ou você deveria ter colocado a vírgula, seguida da oração iniciada por “a fim de”, ou mantido o ponto final e utilizado um pronome antes do conectivo. Por ex: “Isso, a fim de (...)”

- Faltou a frase de fechamento retomando o repertório utilizado na introdução. Isso demonstra para o corretor que seu texto foi planejado, e que o ciclo do seu raciocínio foi encerrado. (C3)

Comentários gerais:

Realmente, a pontuação e o uso da vírgula são aspectos que precisam ser melhorados. Para isso, você pode revisar os seguintes conteúdos: regras de uso da vírgula, orações coordenadas/subordinadas, análise sintática. Também percebi, assim como você relatou, a dificuldade no uso dos conectivos. Minha sugestão é pegar uma tabela de conectivos que possua a relação semântica de cada um. Algumas também possuem exemplos. Não é difícil de encontrar na internet. Em relação aos sinônimos, sugiro ampliar o hábito de leitura. Isso naturalmente irá enriquecer o seu repertório. Caso ainda tenha dificuldade com algum, você pode pesquisar também. O momento de adquirir conhecimento é agora, antes da prova! =D

Um outro ponto que achei válido comentar é que o texto digitado ficou com 36 linhas, sendo que 13 delas são apenas o D1. Você escreveu o texto no papel também? Caso não tenha feito, aconselho muito treinar dessa forma, para já ir se adaptando ao espaço que terá disponível na prova.

Seu texto tem muito potencial! Acredito que, revisando esses aspectos, você estará no caminho certo para uma excelente nota! Espero ter ajudado! Qualquer dúvida sobre a correção, estou a disposição para esclarecer.


NOTA: 720 (C1=120 / C2=160 / C3= 160 / C4= 120 / C5= 160)

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